Elas (não) são todas iguais

Desafio proposto por Melissa: Escreva sobre alguns "tipos" de mulheres, e para cada "tipo" cite uma cena comum que evidencie ainda mais a personalidade da garota. Segue o texto:

"Olá, meninas! Vamos começar mais uma sessão agora e gostaria de pedir que todas vocês respeitassem o tempo das colegas falarem. Cada uma terá sua vez, certo?"

Esse tipo de terapia em grupo era comum aqui na igreja. Mas sinceramente, fora a primeira vez que eu via algo parecido na vida. Estava ali, escondido, vendo e ouvindo tudo pela janela.

"Oi, meu nome é Lucimara e eu estou aqui porque..." choro. Muito choro. A moderadora do grupo parecia acostuma com essa reação. Levantou e levou um copo que parecia conter água com açúcar. Ela se acalmou. "Desculpem. Estou aqui porque, vocês sabem, eles são todos iguais. Eu o peguei, em frente ao restaurante onde ele trabalha aos beijos com minha melhor amiga. Desgraçado. Tenho vontade de estrangular e nunca mais olhar na cara dele. Felizmente eu telefonei pra ele ontem e acabei com tudo! Tudo!"

Os ares pareciam calmos. Sua face ficou tranqüila e todas as meninas pareciam entender sua dor.

"Mas preciso confessar: não consigo viver sem ele. Hoje eu deixei um recado com a irmã dele dizendo que ele é o homem da minha vida!"

"Muito bom, espero que esse desabafo tenha aberto sua mente e mostrado novos caminhos pra sua vida! Muita fé, querida. Aplausos, meninas. Próxima."

"Olá, meu nome é Jaquelaine e eu não sei porque estou aqui. Na verdade eu sei, foi minha mãe quem mandou. Mas eu não fiz nada de errado, certo? Eu só terminei com o caso que eu tinha e na verdade era um caso arranjado, sabem? Minha mãe quer que eu me case, mas eu não quero. Já disse pra ela que me interesso por uma pessoa lá no trabalho e pronto. Essa pessoa gosta do meu jeito e, toda vez que termino meu turno de entrega, a gente dá um passeio na minha CG. A Mônica adora moto."

"Obrigado também e, depois, por que você não bate um papo com o pastor? Aplausos, garotas! Próxima."

Até eu fiquei assustado com a sinceridade dessa última. E digo mais: é preciso ter peito!

"Oi, meu nome é Cleusa e eu preciso desabafar." ficou corada. Pelo jeito, era a mais velha e também mais conhecida pela maioria, por isso a vergonha. "Todos os dias eu oro bastante mas acho que Deus não está ouvindo minhas preces. Não sei mais o que fazer pro Raimundo largar a bebida. Semana passada ele..."

Agora sim começou o choro de verdade. Que horror, aquelas lágrimas de crocodilo da primeira menina não eram nada perto desse berreiro.

"... ele me bateu outra vez. Eu quero divórcio, mas ainda não o fiz pelas crianças."

Pelo jeito a terapia ia continuar ao longo da noite. E pelo jeito todas elas não iam ouvir nada demais e não iam mudar em nada... mas é a vida, não?