Parecer bobo, soar infantil, envergonhar-me, arrepender-me. Nunca! Eu só senti raiva. Não fiquei chateado, fiquei enfurecido. Tive vontade, sim, de ver destruição. Vontade de bater, ofender, desruir, matar, quebrar, extravasar. Confesso que essas vontades não são nobres e nemtanto admiráveis. Mas foram genuínas... Me pergunto: até que ponto o homem respeita sua individualidade?
Durante o acesso de fúria, questionei o sistema brasileiro. As pessoas vivem em função de objetivos de vida medíocres: ter isso, ter aquilo... quando existe um ser em meio aos objetivos, o ser é comparado à algo ou alguém. Disse que não queria viver mais aqui. Poderia ser um homem-bomba do Afeganistão, mas queria sair desta panela de pressão. Uma amiga, então, disse-me o quão mesquinha fora essa observação pelo fato de querer fazer mal à alguém, como por exemplo, matar. Sinceramente, acredito que o homem-bomba mata, mas morre feliz. Pois vive em função de realizar um bem aos seus ideais. Vive e assume sua vida e seus atos autenticamente.
Se todos pudessem ter suas iras e usar essa energia em função de atingir seus objetivos (nobres, por favor) o mundo seria muito, muito diferente. Segue o pensamento mais digno que um homem deveria ter:
"Haverá por acaso algo que destrua alguém mais rapidamente do que trabalhar, pensar, sentir, sem uma necessidade interior, sem uma escolha profundamente pessoal, sem prazer, como autômato do 'dever'? Eis precisamente a receita da décadence, da própria imbecilidade..."
(Friedrich Nietzsche)
Juro odiar menos se um dia tiver mais de mil acessos neste post e, de alguma forma, essas palavras do Frederico fizerem ecoar algo de positivo na vida de cada leitor.
Acho que um pouco do todo (você e o todo ao redor), poderia ser incluído nesse texto e de maneira a acrescentar. A individualidade pura pra mim soa como insensibilidade mais do que tudo. Não somos seres isolados, seu eu faz parte do todo e o contrário também é verdade. Fazer o redor ecoar dentro do eu traz crescimento, traz equilíbrio porque nosso eu se torna maior, então muito menos afetado por coisas que, antes, trariam grandes danos. Inclusive isso casa com seu texto, porque sendo todo, o ter se torna menos importante dentro de um ser maior, coletivo, e o que se busca é a harmonia. E quando o todo importa e é tanto eu quanto o eu isolado seria, o homem-bomba perde a função, e o desejo de destruição se desfaz, nascendo um desejo de construção, desenvolvimento, de cuidado, que, acho eu, é melhor de cultivarmos na "individualidade" do que o contrário. Aí então, o "ter" mais de mil acessos não será necessário para a diminuição do ódio, mas se houverem dois acessos, serão mais felizes por serem parte da construção.
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