14 de março de 2011

Tardes inacabadas - Parte VI

Era dia dos namorados. Eu tinha apenas dez anos e já era um apaixonado por ela. E era um sortudo, pois ela também era apaixonada por mim.
Quem não se lembra do famoso e tão esperado correio elegante? Ele era, e ainda é, a solução dos problemas de seres extremamente tímidos como eu. Tudo o que eu mais queria nos meus dez anos de idade era dizer pro mundo que eu a amava. E isso era mentira, porque o que eu mais queria, de verdade, era ser correspondido. Aproveitei o correio elegante e enviei pra ela: "Quer namorar comigo?"
Durante toda a noite, em casa, meu estômago doía e parecia saltar em direção à minha boca. Quanta ansiedade em esperar uma resposta. Cheguei acreditar que me casaria com ela. Cheguei acreditar que aquilo fora a pior besteira em toda minha vida. Acreditei que nunca teria uma resposta. Que todos zombariam de mim na sala de aula no dia seguinte. Que casaria com ela outra vez. Que escrevi o nome errado e que a menina mais feia da turma receberia meu bilhete. Depois de alguns momentos à sós no banheiro, com diarréia mesmo, consegui dormir.
No dia seguinte, finalmente na sala de aula, chega o intervalo e uma cartinha do correio elegante para mim. Era ela: "Sim."
Nunca mais falamos sobre esse assunto.

4 comentários:

  1. Ah, esse amor da terceira série! Se fosse um não nunca mais arriscaria o amor! Viva aquele SIM! Mesmo que jamais.
    Adorei! ;)

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  2. E viva as tentativas e os momentos de coragem!

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  3. Ansiedade, não saber o que nos espera é o que nos mata, mas ao mesmo tempo é esse frio na barriga que nos mantém vivos. O 1º amor, é sempre o maior.

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