14 de junho de 2010

Eu sou. Ele é. Somos todos.

Me escondo atrás de um nome, não tenho culpa disso. Poderia trocar o que quisesse: o nome, a família ou a cidade. Mas não trocava nem de casaco nos últimos dias. Estava cansado como um rato na roda. É junho e quase inverno. Estão me culpando de tudo. Não sinto mais medo de nada, apenas sede. Nunca soube o que quis ser quando crescer. Nem sabia se queria crescer um dia. Queria ter dezoito, não menos que isso, era uma liberdade programada. Poderia beber e dirigir. Não bebo. Dirijo sem licença.
Sinto que sou diferente. (Mas... diferente do que? me pergunto) Diferente. Simplesmente. Essa é a resposta... Sinto asco quando ligo a televisão por acaso e vejo algo que atrai a atenção da massa. Não consigo ficar tranqüilo entre o comum. Não consigo instalar um puta som no carro porque é legal. Não consigo me divertir depois de beber muito porque é legal. Eu não acho legal porra! Sou eu. Eu sou assim. Eu sou! Único. Oras tenho tanta raiva que fico a pensar sobre os outros. Não que eu os ache menos ou me ache mais. Respeito tanto como gostaria de ser respeitado. Apenas que não consigo entender e entrar nesse fluxo.
Quase que como sob a vigilância de uma teletela, me pergunto: será que não conseguem perceber sua alienação, seu condicionamento?

"Você tem consciência de estar condicionado? Esta é a primeira coisa que você deve perguntar a si mesmo, e não como se libertar do condicionamento. Pode ser que você nunca se liberte, e se você disser: 'preciso me libertar', poderá cair em outra armadilha de outra forma de condicionamento." (Barry Stevens)

Nossa! Será então que o meu ser diferente não passa de uma alienação em estar distante? Uma antialienação, talvez... mas tão condicionada quanto. Condicionado ou não pelas mesmas regras (moral, legislação, massa), condicionado.
Soa bem clichê esse papo do ‘não sei quem sou’ ou então ‘sou diferente’, é a moda. Ser out, fora do padrão, todos sendo diferentes juntos, já perceberam? Posso não gostar da banalidade da televisão, das músicas do momento e me sentir deslocada em meio à mania nacional, enfim, ser diferente da massa, me distanciar do centro. Porém, posso reclamar do meu emprego, odiar acordar cedo e beber coca-cola igualzinho milhões e milhões fazem todos os dias. O que me torna diferente então? Nada. Não tenho essa pretensão. Não tenho nenhuma. Não deixo de estar errado e não me basto estando certo.

“Não me suporto nem me perdôo de ser como sou sem solução.” (Caio Fernando de Abreu)



Texto escrito à quatro mãos por Débora WobetoVinícius Maltarollo

2 comentários:

  1. Estes somos nós, nem melhores, nem piores,
    apenas desinteressantemente diferentes.

    Bom texto,
    Abraço!

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