Sexta-feira dia 25. É... É dezembro. É Natal. Hoje é o dia em que os cristãos comemoram o nascimento do bom menino. E o peru já se foi. Como já dizia o ditado: ninguém morre na véspera, só o peru.
Enfim, a família está reunida. Nestas datas todos falam sobre futebol, novela, do vizinho que foi assassinado e confraternizam com o espírito mais puro que a humanidade conhece. O local da reunião é a garagem da casa de uma irmã. Família grande é assim mesmo. Peru, garagem, criança bagunçando.
Saí há alguns minutos pra comprar cigarros. Preciso do meu tempo, do meu espaço. Nada melhor do que ter uma desculpa, mesmo que um vício qualquer, pra poder entrar no meu universo. Estacionei o carro, cumprimentei o jornaleiro, passei pela farmácia e entrei no bar da avenida principal.
Nas bolhas da coca-cola zero pude relembrar os últimos dias no antigo emprego. Mas é Natal, a família precisa de mim também e eu tenho de voltar. Pago o refrigerante, compro o cigarro e saio. A noite já caiu junto com algumas gotas da chuva rala.
Entro no carro, ligo os faróis e o pára-brisa. Subo o morro com o rádio desligado mesmo. O silêncio acentuado da cidade interiorana somado à ressaca da santa-seia me fazem aproveitar mais intensamente os últimos minutos do meu universo particular.
Vejo o portão vermelho, imagino meus sobrinhos, meus irmãos... e vejo um homem pelado!? Acho que aquele negócio preto cheio de gás me fez mal. Não! É mesmo um homem pelado e um homem levantando as calças... atrás da árvore de casa. Não pode ser. Que baixaria... no aniversário do redentor! Que festa hein... Coincidência, um carro da polícia subindo a rua! Dou um sinal de farol.
"Boa noite doutor"
"Boa noite, posso ajudar?"
"Descendo essa rua tem dois marmanjos correndo com as calças nas mãos...eu não vi e nem quero imaginar o que estavam fazendo! Mas só isso dá cana, não?"
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