"Excitação, no sentido da linguagem coloquial, é um estado físico-psíquico em que [...] o homem encontra-se em estado de relativa ansiedade, e elevada libido..." (Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre; acesso em 25/09/2009)
É difícil controlar o estado físico e psíquico da gente.
Oras, precisamos trabalhar mas a cabeça não acompanha o raciocínio: dá-lhe café, energético, guaraná e derivados. Oras, precisamos descansar, mas estamos excitados demais: dá-lhe maracujá, cidreira, camomila e afins. Sempre tentando manipular, controlar ao seu favor toda a natureza. Essa talvez seja uma característica mais comum e verdadeira de todo homem.
Deito na cama. Corpo esgotado, sem forças para apagar a luz ou muito menos para escovar os dentes. Amanhã o dia começa muito cedo. Preciso desligar. Preciso... telefone toca.
"Pai! Pai! Eles me pegaram! Eles me pegaram!" gritava desesperadamente a voz feminina e infantil do outro lado da linha.
Meu Deus. Além de estar em apuros, ligou para o número errado. Foi a primeira coisa que pensei.
"Com quem você quer falar?" perguntei.
"Socorro, pai!"
Demorei a perceber. Só podia ser um daqueles golpes em que criminosos simulam um sequestro de um ente próximo e tentam embolsar alguma grana sua. Já havia visto uma história parecida em um desses programas de televisão da tarde. Aliás, eu nem tenho filha. Era isso, o golpe!
"Socorro uma ova, seu malandro!"
"Pai, socorro, me ajuda!"
"Tente enganar outro!" desligo o telefone.
Que coisa, isso são horas de pregar uma peça dessas nos outros? Levanto, vou ao banheiro. É estranho como algo tão distante de você, uma história sem ligação nenhuma com sua vida, o faz imergir e se envolver de tal forma. Um minuto ouvindo aquela voz me fez suar frio e perder o sono.
Vou à cozinha, pego uma torrada e um copo com leite. Como, bebo. Verifico se a porta realmente está fechada. Olho as janelas do apartamento, uma delas está com a cortina aberta. Olho o lado de fora e vejo os carros indo e vindo pela avenida. Isso sim é São Paulo: vida à todo momento, nunca pára! Apago as luzes, penso na cidade.
Deito na cama. Corpo esgotado, cabeça mais ainda. Mas o estranho é que, agora, deitado em minha cama comigo estão as contas pra pagar, o problema do trabalho que não consegui resolver hoje, as provas de fim de ano, os pneus novos do carro, as mensagens da Ana e da Carlinha que não respondi, o meu amigão Thiago que há séculos não o vejo por causa do trabalho, minha mãe e seus almoços de domingo que não frequento mais.
Os olhos não fecham...
Hahah conheço essa história. E conheço vc tbm. Vc nunca deixaria de dormir por pensar nos problemas. Isso é só para aqueles que não sabem se auto-manipular.
ResponderExcluirQuem é essa tal de Ana e Carlinha, heim?
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