22 de agosto de 2009

O Terrorista

"Sempre fui uma pessoa lógica, racional. Mas por ele... (ahh! por ele, pensava em seu íntimo) ... por ele eu faria qualquer coisa."
"Qualquer coisa?"
"Qualquer coisa!"
E lá se ia mais um diálogo persuasivo de seu cotidiano. Ronaldo não era um homem comum. Fora do trabalho (e no trabalho também) seu assunto não era sobre futebol, política, música ou mulher. No happy hour o tira-gosto não era acompanhado por cerveja ou caipirinha.
"Mas Ro, me diz como você o conheceu?"
"Claro! Tudo começou naquele ano em que precisei sair de casa. Deixei minha família em São Paulo e fui morar sozinho. Como vocês sabem, não foi para casar, o que gerou desgosto e muitos conflítos na minha família..."
Apesar de dolorosos, estes fatos sempre estavam nas histórias de Ronaldo. Como um homem bem sucedido na vida, precisava dar exemplos. Falar de suas conquistas e também falar de suas dificuldades. Quando jovem, viveu intensamente a vida. Assim como os livros descreviam. Mas agora não.
"... Eu percebi a necessidade de mudar minha vida por causa do meu futuro. Quando pensava em família, quando pensava em minha velhice, quando pensava nos meus próximos, via que algo de errado existia em mim..."
Não era verdade. Esses pensamentos começaram a sondar sua mente durante o processo de sua conversão. Ronaldo sempre fora uma pessoa excêntrica. Acreditava que sua felicidade (e, consequentemente, a felicidade dos próximos e uma provável família) seriam frutos de uma vida de respeito, respeito aos seus ideais e suas características. Ser excêntrico era consequência da seleção natural de Darwin pensava, afinal, 'só existe produto porque existe consumidor'.
"... a felicidade do homem todos já conhecem. Depende dele..."
Não depende. Pelo menos para Ronaldo.
"... e assim me tornei essa pessoa que vocês conhecem."
"Linda história!"
"Se quiserem, posso mostrar um pouco mais dessa minha trajetória. Peguem meu cartão, liguem-me na terça-feira."

Nenhum comentário:

Postar um comentário