Minhas palavras sempre saem moldadas, camufladas para atingirem seu alvo por trás. Meu ato de proferir se confunde com um ato de atuar, encenando uma realidade diferente. A metáfora surge como uma necessidade de mascarar as ideias e fazê-las chegar ao interlocutor de maneira mais suave. A metáfora se torna uma máscara necessária para a sobrevivência de um pensamento. Um pensamento que, muitas vezes, não precisaria ser moldado. Mas o medo de que as ideias morram por simples desaprovação é maior... e a metáfora continua. Continua a dar novas formas para aquilo que foi endereçado e datado.
Mas, um dia, a metáfora cai e não é percebida. A poesia acaba e o drama começa. O destinatário não recebe sua correspondência e o prazo de validade expira. A metáfora perde no meio do caminho a sua ideia inicial, que estava por detrás da máscara, e vira verdade. Uma verdade que nunca existiu e, por algum motivo, foi mais conveniente nascer ali, naquele momento da morte da ideia inicial.
Antagônica à assertividade sem fundamentos (da qual eu tenho tanto repúdio), a metáfora que deveria suavizar os ouvidos do interlocutor, causa mais estragos que uma batida de carros. E lá está o corpo, estendido no chão...
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