20 de junho de 2012

Metaforizador

Minhas palavras sempre saem moldadas, camufladas para atingirem seu alvo por trás. Meu ato de proferir se confunde com um ato de atuar, encenando uma realidade diferente. A metáfora surge como uma necessidade de mascarar as ideias e fazê-las chegar ao interlocutor de maneira mais suave. A metáfora se torna uma máscara necessária para a sobrevivência de um pensamento. Um pensamento que, muitas vezes, não precisaria ser moldado. Mas o medo de que as ideias morram por simples desaprovação é maior... e a metáfora continua. Continua a dar novas formas para aquilo que foi endereçado e datado.
Mas, um dia, a metáfora cai e não é percebida. A poesia acaba e o drama começa. O destinatário não recebe sua correspondência e o prazo de validade expira. A metáfora perde no meio do caminho a sua ideia inicial, que estava por detrás da máscara, e vira verdade. Uma verdade que nunca existiu e, por algum motivo, foi mais conveniente nascer ali, naquele momento da morte da ideia inicial. 
Antagônica à assertividade sem fundamentos (da qual eu tenho tanto repúdio), a metáfora que deveria suavizar os ouvidos do interlocutor, causa mais estragos que uma batida de carros. E lá está o corpo, estendido no chão...

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