Nenhum de nós três tinha noção das horas. Pelo calor que o sol provocava em nossas cabeças, com certeza era uma daquelas horas inapropriadas para banho de sol. A única coisa que nos restava: pular no mar! Era fim de ano, na praia, um pouco de mar não ia fazer mal... até que o grande Thiago resolve paquerar.
Olhares prum lado, sorrisos proutro. Nós, como havia dito, éramos três. Elas eram duas. Mas o fato de eu sobrar não era o único impedimento. Sentia cheiro de coisa errada no ar.
"Velho, aquelas meninas estão dando sopa." disse Thiago.
Eu não precisava ter escrito essa frase por dois motivos. Primeiro: era óbvio; segundo: quem conhece o Thiago imaginaria a cena com essa frase mesmo estando fora do script.
Aproximou-se, trocou duas palavras, com certeza ouviu um 'não', ficou com cara de frustrado. Sua frustração pareceu aumentar e aumentar. Pareceu aumentar a ponto de virar desespero. E ele estava desesperado, mas não pelo não. Estava desesperado porque não sabia nadar e a maré o havia tirado os pés do chão. Não conseguia voltar. Não conseguia nadar. Estava se afogando.
"Socorro!" gritávamos eu e Mário.
Ninguém ouvia. Ninguém dava atenção. Nossos corações ficaram apertados pela sensação de perder um amigo. Mas uma esperança surgiu. Em cima de nossas cabeças um helicóptero do resgate passava naquele instante... sem dar atenção.
Thiago continuava a se afogar.
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